Parque de Capim Macio é o único espaço verde no bairro. O surgimento veio a partir de uma luta de um grupo de moradores. Eles impediram que uma lagoa de captação ocupasse todo o terreno onde se encontra a área de árvores nativas.
O local fica na Rua Missionário Joel Carlson, próximo de universidades e supermercados. A luta para impedir que o espaço verde de Capim Macio fosse deteriorado aconteceu em novembro de 2008, na época o prefeito era Carlos Eduardo Alves.
A maioria das ruas do bairro estavam sendo saneadas, drenadas e asfaltadas. A maior lagoa de captação seria construída em um quarteirão que antes era ocupado por uma chácara, que pertencia à família Pignataro.
A radialista e estudante de jornalismo, Joanisa Prates, foi uma das pessoas que era contra a construção dessa lagoa, ela sempre esteve engajada em atividades que pudesse proteger o meio ambiente. Prates disse que foi ensinada, pelos pais e pela escola, para proteger o ecossistema. "Se a pessoa preservar a natureza, está cuidando de si", respondeu.
A história do Parque de Capim Macio começou quando a arquiteta Milena Sampaio, cunhada de Joanisa, soube que os moradores da chácara saíram do local e a Prefeitura usaria o terreno para construir uma lagoa de captação. As árvores, que tinham na antiga chácara, eram nativas e estavam sendo derrubadas. As duas resolveram tomar uma atitude para impedir a obra.
Então, elas começaram a escrever uma carta que falava sobre o problema, a intenção era mandar para a imprensa. "Passei a madrugada toda escrevendo", lembrou Joanisa. No dia 13 de novembro, as meninas e outros moradores olharam os operários no terreno e perceberam que eles estavam derrubando o resto das árvores.
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Uma das árvores do Parque de Capim Macio.
Joanisa ao ver os homens ligando as máquinas, e indo em direção as plantas, gritou e correu para abraçar uma árvore, como uma forma de protegê-la. "Era o único jeito que eu tinha pensado no momento", disse. Essa atitude de Joanisa Prates fez com que os órgãos judiciários pudessem prestar atenção nesse caso.
Depois do ocorrido, a Justiça Federal suspendeu a construção, mas voltou atrás. Em seguida, o Ministério Público, através da Promotoria do Meio Ambiente, entrou em defesa da não derrubada das árvores e finalmente, conseguiu uma liminar que tomou as licenças ambientais concedidas ao Município.
Por conseguinte, os moradores de Capim Macio e o então secretário municipal de Obras Públicas e Infraestrutura (Semopi, na época era Semov), Damião Pitta, decidiram em preservar a área verde e reduzir a lagoa de captação para 56 % do que foi planejado. "Hoje, a lagoa ocupa somente o terreno que pertencia ao motel abandonado, próximo à chácara", explicou a estudante de jornalismo.
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Joanisa Prates era uma das pessoas que era contra a derrubada das árvores.
Em 2010, uma audiência pública entre os moradores, a Semopi e Ministério Público discutiram o projeto arquitetônico do parque. O primeiro, feito pela Prefeitura, não foi bem visto pelos moradores do bairro. Veio um segundo projeto, desenvolvido pelas arquitetas Graça Madruga e Viviane Teles, que trazia métodos construtivos sustentáveis.
"A prefeita Micarla de Sousa acatou a ideia do segundo projeto e disse que iria executar a obra de urbanização do lugar dessa seguinte forma. Mas nada foi feito até agora", disse Joanisa Prates. Entretanto, dois anos se passaram e a lagoa de captação e a parte de urbanização do parque não estão prontas. Enquanto isso, lixo, prostituição e insegurança marcam o bonito lugar.
Apesar de ter conseguido criar um parque, entretanto, falta à parte de urbanização, para que este possa dar segurança aos moradores, permita que as crianças brinquem no local e que os visitantes possam caminhar sem nenhum empecilho e entre outros benefícios.
"Só falta uma urbanização do parque para que fique pronto, como colocar mais iluminação, fazer uns caminhos e botar seguranças. A gente quer que o Executivo o mantenha", falou a radialista. Ela e outros moradores formaram o Amigos do Parque, grupo que ajuda a manter o local enquanto o Executivo não toma alguma medida que ajude a preservá-lo.
Mesmo que o local não esteja do jeito esperado, os moradores e simpatizantes estão fazendo o que podem para mantê-lo, como a execução de algumas atividades culturais que ajudam o Parque de Capim Macio ter alguma manutenção.
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Caminhos improvisados pelo grupo Amigos do Parque.
"Nós estamos realizando de dois em dois meses o nosso brechó (espaço para trocar e vender objetos) e o mutirão da limpeza, em que retiramos todo o lixo que circunda o parque", disse Joanisa que comentou que já fizeram outros eventos, como a realização de um lual, feijoada e apresentações musicais.
"Construímos alguns caminhos naturais com os restos da chácara e pedrinhas. Estamos fazendo mapeamento das árvores e vamos começar a promover eventos mensalmente", explicou Prates. Os bancos, que existem no local, são feitos de pedaços de madeiras das árvores derrubadas pelos operários da construção da lagoa.
A
equipe do Nominuto.com foi atrás do Secretário Adjunto de Operação da Semopi, Caio Múcio da Rocha Pascoal, que contou que ainda não tem previsão para quando a obra de urbanização do parque estará pronta. Mas, ele confirmou que as obras de drenagem, saneamento básico e do parque tem a intenção de serem retornadas em maio. O motivo da demora seria a reprogramação financeira.
Site do Parque de Capim Macio
O grupo Amigos do Parque montou um site que noticia sobre como andam as obras de drenagem em Capim Macio, o desenvolvimento do parque, eventos que acontecem no local, atividades ligadas ao meio ambiente, grupos ligados ao protecionismo ambiental e entre outras coisas. Além disso, tem vídeos e fotos de tudo o que aconteceu com o Parque de Capim Macio. O site é
http://www.parquedecapimmacio.org